SANTIAGO E REDONDEZAS
Depois de dias de sossego em San Pedro do Atacama, encarar uma cidade grande, dá uma certa nostalgia, mas a charmosa e organizada capital chilena também fez sua parte na curtição das férias.
Eu já havia estado em Santiago há doze anos, mas muita coisa mudou, inclusive minha forma de viajar, agora mais independente e mais focada em aproveitar a rotina do local do que o batidão dos programas de excursão.
Cheguei em Santiago, procedente de Calama e foi o tempo de largar as bolsas no hostel e rebocar meu amigo que havia chegado no dia anterior para Bellavista, bairro onde a vida boemia nos dá boas vindas. Batemos perna pelo Pátio, um shopping de bares e acabamos parando do lado de fora mesmo, em um dos botecos de rua, muito mais despojados. Estava calor demais e a fortíssima cerveja Escudo parecia água. Rolava música eletrônica de bom gosto e a fofoca rolou até muito tarde. Voltamos ao mesmo bar mais vezes durante a semana, justamente pelo bom atendimento do Santiago, um atendente colombiano gentilíssimo.
Dia seguinte: bater perna pela cidade, literalmente, tudo à pé. Duas quadras até a esquina da Vicuña Makena e em seguida a Libertador O'Higgins. Nesse caminho, passamos pelas Universidade do Chile, a Universidade Católica, Cerro Santa Lucia, Teatro Municipal (e frustração por não conseguir ingressos para o Quebra Nozes), Catedral Metropolita, Palácio La Moneda. Parada obrigatória para tomar um expresso no Café Haiti, que é um café-com-piernas comportado. Almoçamos pessimamente no caminho de volta e compensamos com paradinha em uma casa de doces turca, localizada na Calle Merced.
No fim da tarde, fomos ao Parque Arauco para conhecer e para eu comprar um tênis, já que o meu tinha se acabado no Atacama. Para chegar, pegamos o metrô até à Estação de Los Condes e da estação até o shopping andamos bem umas 10 quadras. Em suma, andamos horrores. Ao chegar ao hotel, um banho morno e aquela caminha confortável. Dia bem aproveitado!
Seguindo a programação, no dia seguinte fomos ao tour na vinícola Concha y Toro. Já havia pego umas dicas na internet e foi superfácil: na esquina do hotel pegamos o metrô até à estação Las Mercedes (na linha azul) e de lá pegamos um taxi até à vinícola. O metrô de Santiago é super organizado e a dificuldade para locomoção é zero. Voltamos na mesma sequência.
Almoçamos no Paulistano, restaurante pequenino quase na esquina da Vicuña Makena com a Libertador O"Higgins. Excelente Lomo com Fritas por um preço razoável, pois comer em Santiago é caro!!!!
Descansamos um pouco depois do almoço e no meio da tarde seguimos a pé (de novo!!) para Bellavista, para visitar uma das casas de Neruda: a La Chascona, visita que vale cada centavo. Na volta, paramos para umas empanadas em um café antigo na rua de trás do Museu de Bellas Artes e ficamos falando sobre nada vendo as pessoas passarem.
Enfim, chegou o dia do descando das pernocas. Já havia feito uma reserva na Chilean Rent a Car, para alugar um Spark LT, carrinho mega miúdo de 800cc, que nos levaria ao litoral chileno por conta própria, no nosso tempo e com uma certa economia (o passeio por pessoa era 150 doletas e foi esse o preço que pagamos por três dias da locação).
GPS ligado, pegamos a Rota 68 em direção à Viña del Mar. Uma chuva pesada nos pegou no meio do caminho, mas como sou destemida na direção, pouco me importei. Nos perdemos diversas vezes, mas enfim chegamos ao primeiro destino: Isla Negra, outra casa de Neruda, a mais apaixonante, onde o poeta e sua última esposa estão sepultados. Não dá para descrever. É um local espetacular: tanto pela casa quanto pelo Pacífico. Choramos.
Tínhamos que esperar pelo horário de visitação e almoçamos no restaurante que fica dentro do museu. Maravilhoso. Comi um linguado com ervas que só em digitar, cheguei a salivar... acompanhado do vinho branco da casa. Que lugar legal!!!
De lá, seguimos mais uns 50Km de estrada até Algarrobo, onde está localizado aquele hotel famoso que tem a maior piscina do mundo. A chuva continuava persistente. Paramos para tirar umas fotos. Da estrada conseguimos ver a tal piscina, mas sem muitos detalhes. Deve ser muito legal ficar hospedada naquele lugar.
Visual da janela
Ao invés de pegar a estrada principal até Viña del Mar, pegamos uma secundária (a Rota 44). Mais uma prova de que tudo estava programado para dar certo. Um caminho lindérrimo acompanhado do melhor cheiro do mundo: eucalipto puro! Chegamos em Viña del Mar no fim da tarde, completamente moídos. Nos presenteamos com a hospedagem em um hotel melhorzinho de frente para o Pacífico: o San Martin. Meia hora de banheira. Saímos para comer, mas a cidade estava meio vazia. Passamos em frente ao Cassino, mas nem cogitamos entrar. Eu estava mega cansada, dirigir numa highway desconhecida e na chuva foi punk e ainda tem o agravante que sou muito mais diurna que noturna.
Em Viña del Mar, rodamos muito de carro, fomos à Reñaca e ao bairro Cerro Castilho, onde fica a casa de veraneio da presidente (muito bonitinho), passamos pelo Relógio de Flores e pelo Castelo Wulff, além do Museu Fonck, onde há exposição de relíquias da Isla de Pascoa e um Moai em tamanho original (será o mais perto que vou chegar - impagável). Não muito divulgado, Jardim Botânico também vale muito a visita.
Pegamos novamente a Rota 68 para retornar à Santiago e passamos em Valparaíso. Perdemos o horário de visitação à La Sebastiana, a última casa de Neruda que visitaríamos. Em Santiago anoitece às 21:00, e a sensibilidade com o relógio fica muito afetada. Rodamos de carro pela estreitas ruas do Cerro Alegre e Concepcion e tomamos um café na parte animadinha. Sinceramente, nada demais... acho que as pessoas enchem a bola demais. 120 Km até chegar (tem um túnel gigantesco no meio do caminho) de uma bela estrada, sem me perder até hotel. Fiquei orgulhosa de mim!
Quando fiz o roteiro, busquei colocar na programação, lugares diferentes daqueles que já tinha conhecido e por sorte, em um blog, encontrei poucas informações sobre o Cajon del Maipo, região muito pouco divulgada, pena para os que não irão conhecer e sorte para a região que estará livre dos ônibus de excursão.
A região é bem próxima à Santiago, através da Avenida La Florida até chegar à estradinha chamada de Camiño del Vulcan. Nos perdemos. E foi ótimo. Acabamos na Estrada da Vinícola Santa Rita e aproveitamos para fazer a visitação, inclusive ao Museu Andino e tomar um café acompanhado de torta de framboesa. Seguindo às placas, conseguimos chegar ao destino (que estrada!!!) e paramos para almoçar em Gayacan, no surreal Casa Bosque. Vale experimentar a carne de cervo com molho de mostarda. Tivemos que escolher entre o Monumento Eldorado e Embalse del Yeso, pois já era tarde. Seguimos para o Embalse por 22 Km de estrada de cascalho, subindo sempre e o tempo todo com o desfiladeiro ao lado. Eu sou mesmo destemida! E vai dizer que não valeu a pena?
Ultimo dia... as férias passaram muito rápido. Voltamos ao Centro para ver a troca da guarda no Palácio La Moneda e ao Museu de Arte Moderna. Almoçamos de novo no Paulistano. Na parte da tarde fomos ao Cerro San Cristoban e o funicular estava com defeito. Como estou fora de forma... levei um tempão para subir. Descemos pela estradinha com o pessoal das bicicletas. Aproveitando o entardecer. Saímos pela parte de trás do Parque, em um bairro mega lindo... andamos uns 8 Km até Bellavista e fechamos com chave de ouro jantando no maravilhoso Como água para Chocolate. O melhor ceviche da minha vida!!!
Links:
Hostal Rio Amazonas
Hotel San Martin
Cajon del Maipo
Concha y Toro
Viñas Santa Rita
Fundação Neruda
Site Oficial Turismo do Chile
Como Água para Chocolate
Cajon del Maipo | Cajon del Maipo | Cajon del Maipo |
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