Rio Grande do Sul - A pequena escapada de cinco dias
O Rio Grande do Sul tem aproximadamente 282.000 Km2 e em cinco dias deu pra fazer um percentual ínfimo, logo a escolha foi pelos vinhedos de Bento Gonçalves, as pequenas cidades de Flores da Cunha e Antônio Prado, uma passagem relâmpago por Três Coroas, Gramado e Canela e uma pernada das grandes à São José dos Ausentes, percorridos em 980 Km de estradas excelentes e algumas aventuras em pequenos trechos de terra (carro alugado sofre).
Dia 1: Porto Alegre x Três Coroas x Gramado
O melhor dia da viagem, não por ser o primeiro, mas pela visita ao espetacular templo budista Khadro Ling, situado em Três Coroas a 100 Km de Porto Alegre. O templo foi construído por Sua Eminência Chagdud Tulku Rinpoche, nascido no leste do Tibete em 1930 que foi reconhecido aos quatro anos como um tulku (encarnação de um mestre de meditação), recebeu treinamento rigoroso e aprofundou os seus estudos em retiros extensos. Em 1994, mudou-se para o Brasil e iniciou a construção do templo, deixando esse plano em 2002.
Seguimos para passar a noite em Gramado e dar uma volta em Canela que apesar de eu já conhecer, sempre vale uma visita.
Templo (la kang) Tradicional templo budista tibetano no estilo nyingma, com murais repletos de imagens de deidades, trechos da história do Buda Shakiamuni e diversos tipos de estátuas.
Dia 2: Gramado x Flores da Cunha x Antônio Prado x Bento Gonçalves
A maior decepção da viagem, pois nos sites de turismo dava a impressão de que Flores da Cunha seria o local que encontraríamos as pequenas vinícolas, uma cidade rústica e a possibilidade de contato com os colonos. Engano número um, pois a cidade apresenta um centro minúsculo onde o histórico já era, restando apenas a bela Igreja Matriz Nossa Senhora de Lourdes e um imponente campanário de 55 metros de altura, todo em pedras de basalto, num total de 11 122 pedras, cuja construção demorou três anos: de 1946 a 1949. Seguimos então para Antônio Prado, passando pelo Rio das Antas, que foi o engano número dois: nada a fazer, somente descobrimos que o marketing de turismo é bom: tem um dos maiores acervos de arquitetura urbana em madeira do país, erguido por imigrantes italianos e tombado pela Unesco, mas nada interessante. Em suma, rodamos 220 Km à toa. Chegamos em Bento Gonçalves mortos de cansados, check in, banho, sair pra jantar (depois de sobreviver o dia com as maçãs roubadas das macieiras do caminho) e cama!
Vale do Quilombo, Gramado
Gramado
Dia 3: Bento Gonçalves x Garibaldi x Vale dos Vinhedos
Ficamos hospedados em um hotel na BR e fomos ao centro de Bento Gonçalves pela manhã para ir ao banco. A cidade me lembrou muito Foz do Iguaçu. Seguimos ainda pela manhã para Garibaldi, passando pelo seu centro histórico em direção à Estrada do Sabor, onde a simplicidade é a palavra que traduz o local. Uma singeleza cultivada na ligação com a terra. O roteiro oferece a oportunidade de estar em contato com a paisagem, de caminhar pelos vinhedos, degustar vinhos (e as uvas direto do pé), provar os deliciosos pães cozidos em forno a lenha, geleias, grappa e licores caseiros, produzidos através da agricultura ecológica. As copas, os salames e, claro, a mesa farta com antigas receitas, mantidas em segredo, ofertam sutis e delicadas combinações de condimentos e ingredientes, que representam o patrimônio e orgulho das famílias italianas.
No camihho, um grupo de rapazes, assava um típico costelão na vala, paramos, fotografamos, fomos muito bem recebidos e ainda experimentamos a legítima cerveja gaúcha: Polar. Bah... Tchê... que dia interessante!!!!
E o Vale dos Vinhedos? Estradas entrecortadas por vinícolas. Optamos por visitar a Miolo e seu terreno que faz jus à fama de Toscana Brasileira
Dia 4: Bento Gonçalves x Caminhos de Pedra
Começamos o dia com a visitação da Vinícola Aurora e em seguida para os Caminhos de Pedra, uma estrada de 7 km de extensão, com pontos de visitação (e de compras), que remetem à colonização italiana. Finalizamos com a Casa do Tomate, que na verdade deveria ter sido o início, onde fomos recepcionadas por uma descendente dos colonos italianos que nos contou a história do local com aquele sotaque lindo de se ouvir! Os italianos chegaram à Serra Gaúcha em 1875.
O Roteiro passou a ser concebido quando da realização de um levantamento do acervo arquitetônico de todo o interior do município de Bento Gonçalves, ocorrido no ano de 1987. Constatou-se então que a Linha Palmeiro e parte da Linha Pedro Salgado, área abrangida basicamente pelo Distrito de São Pedro, composto por 7 comunidades, (São Pedro, São Miguel, Barracão, São José da Busa, Cruzeiro, Santo Antonio e Santo Antoninho) possuía o maior acervo de casas antigas, conservava sua cultura e história, tinha acesso fácil e, conseqüentemente, um grande potencial turístico, apesar da decadência e abandono por que vinha passando desde a década de 1970 com a mudança de traçado da rodovia que ligava Porto Alegre ao norte do estado.
Esse precioso acervo material, parcialmente abandonado e esquecido, exigia uma ação rápida para não ter a mesma sorte de tantas e tantas casas de pedra, madeira e alvenaria que acabaram ruindo ou sendo demolidas. Com recursos do Hotel Dall’Onder as primeiras 4 casas foram restauradas e passaram a receber visitação e outras tiveram obras emergenciais e assim surgiu o Roteiro de visitação e gastronômico.
No fim da tarde, ainda deu tempo de ir fotografar a chegada da Maria Fumaça (abrimos mão do passeio por enteder ser muito turistão) e voltar ao Vale dos Vinhedos para fotografar com aquela bela luz do fim da tarde.
Dia 5: Bento Gonçalves x São José dos Ausentes x Porto Alegre
Segunda furada!! 240 Km de Bento Gonçalves até São José dos Ausentes para visitar o Canion Montenegro, ponto mais alto do Rio Grande do Sul. Estrada lindíssima (RS-110). Do Centro ao Canion são mais 40 Km de estrada de cascalho e muitos buracos. Quando lá chegamos a neblina chegou junto e não vimos o Canion. Se estivesse fazendo o roteiro agora, sairia de Bento na tarde do dia anterior e acordaria em São José dos Ausentes.
No roteiro que fiz, a ideia inicial era dormir em Cambará do Sul para visitar o Canion Fortaleza na manhã seguinte, já que o voo era no fim da tarde. Mas om toda a neblina, resolveram então voltar para Porto Alegre no mesmo dia, o que pra mim foi péssimo, pois dirigi mais 320 Km, totalizando assim 640Km em um mesmo dia. Cheguei em Porto Alegre podre de cansada e com os nervos à flor da pele.
Em Porto Alegre, ficamos no Ibis Budget do Centro e na manhã seguinte demos uma volta no Mercado Municipal e almoçamos na tradicional churrascaria Galpão Crioulo, que eu tinha em memória ser muito melhor.
A viagem rendeu fotos lindas, exatamente retomando minha expectativa ao começar o curso de fotografia lá em 2013: a fotografia de viagem. Mas também me deu um outro presente: reiterar que viajar sozinha é sempre a melhor opção, principalmente pela independência de fazer o que quer, no seu ritmo e do seu jeito.