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JALAPÃO

 

Eu confesso que achava que o Jalapão era um produto da mídia turística, posterguei da minha wish list por um tempão, até que uma amiga fez o convite e resolvi ceder.  E como foi ótimo ter cedido! O Jalapão superou imensamente as minhas expectativas.

 

O Jalapão fica no leste do Tocantins, fazendo fronteira com a Bahia, Maranhão e Piauí. O nome é originário da Jalapa, uma das lindas flores do cerrado. O Parque Estadual do Jalapão tem aproximadamente 1600  km²  e é uma região de difícil acesso, com estradas de terra na maioria, sendo necessário o carro 4x4. Por isso, há necessidade de contratação de expedições promovidas pelos receptivos locais. Sem internet e sinal de GPS, o roteiro por conta própria fica mais complicado ainda. Escolhemos, muito acertadamente, a Cerrado Dourado e ainda tivemos a sorte de pegar os melhores dos melhores guias: Marcello (que apelidamos de Kung Fu Panda) e GG. São muito organizados e os meninos são muito divertidos! E como somos duas sortudas, os demais oito do grupo foram companhias espetaculares.

 

A base inicial para o início e fim do roteiro é Palmas, a capital planejada do Tocantis. Eu não tive tempo de dar uma volta, porque chegamos na noite anterior e retornamos na madrugada seguinte a volta do Jalapão, mas me arrependi de não ter reservado um dia.

 

A Cerrado Dourado promove expedições de cinco ou seis dias, com hospedagem, refeições, guias e entradas nos atrativos.  Começando no primeiro dia com a saída de Palmas e uma hora depois parando na Cachoeira da Roncadeira (queda de 70 metros) e Cachoeira do Escorrega Macaco (queda de 55 metros), no Distrito de Tauqaraçu. Seguimos para a pousada onde ficamos hospedados, almoçamos e mais tarde saímos para o Canion do Sussuapara e finalizamos com chave de ouro na  Pedra Furada para o pôr do sol, passando pelo Morro da Cruz. O lugar é fabuloso! Vi uma arara azul daquelas em extinção e tive que driblar as pessoas e suas selfies insuportáveis, mas ainda assim, o programa rendeu várias fotos espetaculares. O Jalapão definitivamente é um dos @lugaresfotogenicos desse país.

 

No segundo dia, após o café, saímos de Ponte Alta e aí sim entramos no coração do Jalapão, a terra ficou mais vermelha e o céu mais azul, parecendo cores de Matisse. Pegamos a Serra da Muriçoca e chegamos a Cachoeira da Velha, passando rapidamente por um rancho que tem a fama de ter pertencido ao Pablo Escobar. Enquanto alguns do grupo foram fazer o rafting, os demais ficaram “jiboiando” na Prainha do Rio Novo, que foi cena do filme “Deus é Brasileiro” (confesso que vou ter que ver o filme para reconhecer), mas posso garantir que foi o melhor banho de rio de todos os tempos! Os meninos preparam um piquenique nas escadarias muito delícia e pegamos a estrada para ver o pôr do sol nas famosas dunas, passando pelo Morro do Saca Trapo e a Serra do Espírito Santo: o cartão postal oficial do Jalapão. Nessa e na noite seguinte dormimos em Mateiros.

 

E finalmente chegamos ao dia dos fervedouros. Eu juro que perdi as contas de quantos foram, cada um mais maneiro que o outro, vivendo a experiência fantástica de sentir as nascentes brotando sob nossos pés. Foi aí que identificamos a super competência dos nossos guias fofuchos, pois os  fervedouros têm tempo e limitação de pessoas, mas todos nós aproveitamos muito bem os banhos e ainda rolaram milhões de fotos. No primeiro, por  exemplo só podiam quatro pessoas por vez, os demais ficaram se esbaldando no Rio do Sono (próximo a comunidade que produz os objetos de capim dourado). Nesse dia, às três da matina, o pessoal do grupo foi fazer a trilha da Serra do Espírito Santo para ver o sol nascer. Preferi ver o sol nascer da minha cama, ainda estava traumatizada da trilha mega-hiper-ultra punk da Janela do Abismo na Chapada.

 

No penúltimo dia, a programação dos fervedouros e banhos de rio continuou. A primeira parada foi a Cachoeira da Formiga, um dos lugares mais lindos que já vi:  a água brilha como esmeralda e na temperatura perfeita, refrescante sem congelar. No almoço a parada foi no fervedor eleito como meu favorito:  o Buritizinho,  único que foge da forma arredondada dos demais e com a água mais azul de todos.   No mesmo local, ainda rolou banho no Rio Formiga. Finalizamos o dia em alto estilo, chegando em São Felix e ficamos na Pousada Bela Vista, que guarda o fervedouro do mesmo nome. Ou seja, a piscina da pousada é um fervedouro!!! Isso sim foi um “plus” sem planejamento que nos encantou! Rolou banho de fervedouro noturno, seguido de jantar, cerveja e música. Cantei até Anita... e isso acontece só se eu estiver bem feliz.

 

Último dia e a saudade já estava batendo antes mesmo da despedida do Jalapão e do grupo, primeira parada no fervedouro do Alecrim, nosso último e seguimos para a Cachoeira das Araras, onde minha alegria foi toda embora ao ser atacada por um peixe no fundo do poço. Senti os dentes nos dedos e no calcanhar e voltei apavorada para a margem me sentindo como no filme Piranhas. Que medo!!! Almoçamos nessa fazenda e seguimos o caminho de volta para Palmas, passando para fotos pela Serra da Catedral. Na programação tínhamos um mini trekking no Morro Vermelho, que trocamos pelo para o último banho de rio (sob a ponte). Melhor opção, impossível! Chegamos em Palmas às 8:00, mas não querendo se separar ainda fomos fechar a noite em uma Hamburgueria, da qual fomos expulsos por passar do horário.

 

O Jalpão deixou muita saudade, mas deixou muitas risadas na memória e amigos para a vida toda. No meu caso em específico, também um enorme legado fotográfico.

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